“...Para extravasar o que sinto, existe uma necessidade fremente de me colocar num espaço vazio e me deixar ficar no ponto central, sugando as energias das formas, das cores, dos sons...
Então passo a existir perceptivamente, mesmo que exista nisso, um certo risco que lacera minhas carnes e implode minhas angústias...
Tenho um certo receio da cilada das palavras... De embarcar em suas vozes rumo a uma viagem de compreensão dúbia e perigosa...
Palavras revelam mentiras, escondem verdades, quase sempre brincam de olhar nos olhos e adivinhar o perfil da alma...
O trajeto entre o eu-pessoa e o eu-palavra é uma distância cujo caminho é a contemplação de várias paisagens periféricas dentro do meu interior...
Nasce assim, o gesto bom de escrever e minha mão, intuitivamente, mergulha na água desse meu entendimento, íntimo e profundo...”